André Calado
(Coordenador do Minibasquete do Clube PT Coimbra)
“podíamos estar bem melhor do que estamos”
Jogou durante dez anos no Olivais, desde os minis até aos seniores. Quando entrou na Faculdade do Desporto abandonou a actividade. Regressou, já como treinador, ao Olivais, onde esteve durante sete anos com o minibasquete e treina, ainda, os cadetes masculinos. Passa pelo Anadia, antes de ingressar no Clube PT, onde treina os juniores femininos e assume a coordenação do Minibasquete. Participou em várias selecções distritais. É o MVP da Semana.
Diário de Coimbra (DC) – Como está a decorrer a época desportiva do Minibasquete do Clube PT?
André Calado (AC) – Está a decorrer dentro daquilo que planeámos no início da época. Conseguimos aumentar o número de crianças no geral e o número de raparigas em particular, que é um ponto positivo em relação à época passada. Temos cerca de meia centena de atletas. Conseguimos melhorar a equipa técnica (Daniel David, Nádia, Ana Rita, Inês Lima e três monitores, atletas do clube). Conseguimos gerir o grupo de pais e pô-los a colaborar com o clube. Temos um bom pavilhão, uma boa oficina de trabalho, com muitas tabelas, onde podemos realizar um trabalho com qualidade.
DC – O Minibasquete está a atravessar uma boa fase no distrito de Coimbra?
AC – Relativamente há dez anos atrás, hoje está muito melhor. No meu primeiro jogo, como treinador, joguei com crianças de seis anos contra crianças de nove. Nem passavam do meio campo. Hoje está muito melhor organizado, embora haja muitas coisas a melhorar. O entendimento e comunicação entre clubes, está bem melhor. Apesar de o número de clubes serem poucos. Em Coimbra há três, na Figueira da Foz há dois clubes, um com masculino e outro com feminino. Aqui havia condições para haver mais clubes, pois, a Naval já devia ser uma presença mais sólida. Há, ainda, o Cantanhede que está com uma boa dinâmica e Infante Montemor que, com altos e baixos, está a avançar. Lousã e S. Paio de Gramaços já estiveram melhor e o Poiares desistiu.
A nossa função, dos treinadores, é melhorar a essência técnica do jogo. Os miúdos deviam sair do mini com alguns problemas técnicos (gesto do lançamento, jogar com as duas mãos entre outros), resolvidos e isso não acontece.
DC – O que se deve fazer para promover o escalão?
AC – Poderíamos ter aproveitado melhor do que fizemos, o facto de a Selecção Nacional ter participado no Europeu. A Federação poderia ter dado um passo muito maior e ter dado a conhecer o jogo às crianças. Neste aspecto, o Rugby fez um aproveitamento muito melhor. Muitas delas, não conhecem o basquete e, não o conhecendo, não o praticam.
Se as crianças não vêm ter connosco, temos de ser nós a ir ao encontro delas nas escolas. Daqui a três, quatro anos, vamos todos passar a horário normal. As crianças vão passar o dia inteiro na escola e, além disso, têm as actividades de enriquecimento escolar. Vão sair às cinco e meia. Ou os clubes promovem o basquetebol nas escolas, seja através de eventos ou fazer um treino nas escolas, ou encontrar forma de eles virem as clubes. Antes, as crianças tinham os jogos de rua ou iam para os pavilhões à tarde brincar. Hoje, conhecem melhor a consola do que a bola de basquete.
DC – Como vê o papel dos pais neste escalão?
AC – O minibasquete tem uma organização e gestão muito própria. Os pais têm um papel importante, quer no acompanhamento das crianças, quer na gestão do minibasquete. O nosso clube não foge à regra. Apoiam nos transporte e acompanham nos treinos. Este ano temos tido o apoio de cinco pais que trabalham directamente com as crianças e tratam da parte administrativa.
DC – Como analisa o basquetebol regional de uma forma geral?
AC – Não gosto muito de me lamentar. Muita gente fala mal do nosso basquete, comparando-o com outros distritos. Temos jovens com qualidade para jogar. Apesar de sermos poucos clubes, estamos bem organizados. Treinamos pouco, três vezes por semana. Só vejo um sentido para melhorarmos o que se passa, aumentando o volume de treino. Treinamos trezentos lançamentos por semana? É pouco, isso devia ser num dia. Passa muito por melhorar a qualidade dos directores, dos treinadores e sermos mais exigentes com os atletas. Somos muito pouco exigentes. Eles gostam de trabalhar, gostam de ser encaminhados para o fazer. Nesse sentido, podíamos estar bem melhor do que estamos
DC – Quer deixar uma mensagem para os mais novos?
AC – São iguais aos outros, isto é, têm duas pernas, dois braços. Temos colocado atletas de vários clubes nas selecções nacionais. Têm de trabalhar mais, mas a verdade é que estamos inseridos em Coimbra, há as escolas, vêm as explicações, a música e todas as outras actividade complementares e alguma tem de ficar para trás. Se têm o sonho de vir a ser bom jogador, só o podem concretizar se trabalharem para isso. Temos bons exemplos disso.
Agradecemos a colaboração do Carlos Gonçalves.
1 comentário:
Os minis são sem dúvida o futuro do basket. Por isso, é importante fazer um óptimo trabalho nestes escalões, para que nos restantes sejam bons, e não apenas razoáveis!!
Força meninos!
E viva os minis :D
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