Num clinic de treinadores a que assisti, o croata Jankov começou por dizer que um dos problemas que acha mais preocupantes no basquetebol é a excessiva "formatação" que nós treinadores tentamos efectuar quando trabalhamos em formação, não deixando que a criatividade e a descoberta tenham o seu espaço. "Não isto, nao aquilo", quando muitas vezes o que eles nos mostram é melhor do que o por nós idealizado.
Nessa linha, deixo um texto retirado de um blogue brasileiro, de um conceituado pedagogo:
"O menino e a Flor
Oi meus amados amigos Professores e professoras, Este texto a baixo recorda minha infâcia, a época e a maneira que fui alfabetizada....Alé de ser riquíssimo para nós educadores refletirmos a nossa prática docente, também ao trabalharmos Artes com as crianças.Usei o mesmo como reflexão com minha turma do curso de Pedagogia Na FAEC, e foi maravilhoso o resultado da reflexão...Este texto é muito especial para mim nunca esqueço dele!
O MENINO E A FLOR
Era uma vez um menino. Ele era bastante pequeno. E ela era uma grande escola. Mas quando o menininho descobriu que podia ir a sua sala, caminhando, através da porta, ele ficou feliz. E a escola não parecia mais tão grande quanto antes. Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse: - Hoje nós iremos fazer um desenho. - Que bom! pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Ele poderia fazer de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens, barcos,; e ele pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse: - Esperem! Ainda não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos. - Agora - disse a professora - nós iremos desenhar flores. - Que bom! pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores. E começou a desenhar flores com seu lápis cor de rosa, laranja e azul. Mas a professora disse: - Esperem! Vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde. No outro dia, quando o menininho estava em aula, ao ar livre, a professora disse: - Hoje nós iremos fazer alguma coisa com barro. - Que bom! pensou o menininho, ele gostava de barro. Ele podia fazer todas as coisas com barro: elefante, camundongos, carros e caminhões. Ele começou a juntar e amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse: - Esperem! Não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos. Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato. - Que bom! pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse: - Esperem! Eu vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo. - Assim - disse a professora - Agora podem começar. O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para seu próprio prato. Ele gostava mais do seu prato do que o da professora. Mas ele não podia dizer isso. Ele amassou o seu barro numa grande bola novamente, e fez um prato igual o da professora.Era um prato fundo. E muito cedo, o menininho aprendeu a esperar e a olhar, a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo, ele não fazia mais as coisas por si próprio. Então aconteceu de o menino e sua a família mudarem-se para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola. Esta escola era maior do que a primeira. E não havia porta da rua nesta escola. E no primeiro dia ele estava lá. A professora disse: - Hoje nós faremos um desenho - Que bom! pensou o menininho, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse. Ela apenas andava na sala. Foi até ele e falou: - Você não quer desenhar? - Sim, disse o menininho, o que é que nós vamos fazer? - Eu não sei, até que você o faça, disse a professora. - Como eu posso fazê-lo? Perguntou o menininho. - Da maneira que você gostar, disse a professora. - De que cor? - Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu vou saber quem fez o quê e qual o desenho de cada um? - Eu não sei, disse o menininho. E ele começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde."
7 comentários:
Posso não ser treinador nem ter qualidades para tal, mas adorei o texto.
Obrigado Miguel por mais 5 minutos de prazer ao ler isto.
Excelente, este texto ensina mesmo muito. Um problema que concordo que deve ser levado em atençao.
Obrigado Miguel.
Pois este é o velho problema da utilização da criatividade individual moldada em prol do colectivo ou da formatação dos hábitos e características de cada um num modelo único.
Nem todos somos médicos, nem todos somos professores, nem todos somos atletas, mas todos temos sempre algo a acrescentar quando estamos num grupo.
A quem compete a gestão dos recursos num grupo?
Cada um terá o seu entendimento nesta matéria, mas uma coisa me parece óbvia e indiscutível: tolher a liberdade e a criatividade individual jamais trará resultados em termos colectivos!
Parabéns pelo post
José Pedro
Curioso ou nao foi um tema levantado faz já algum tema e, tentando enquadrar no basquetebol chegamos ao dilema Sistema / Conceito.
Interessante a analise da diferença entre o conceito do texto e o sistema utilizado e uma pergunta fica para reflexao:
Porque continuamos a ver todos os fins de semana equipas "empacotadas" em Sistemas e raramente vemos grupos organizados em Conceitos?
Uma sugestão:
Passem por alguns locais do distrito de Aveiro e analisem a diferença entre o Conceito e o Sistema.
Carlos Grave
"Era uma vez um menino que praticava basquetebol. O menino adorava este jogo e, aos poucos, ia aprendendo novas técnicas e habilidades. Um dia, quando o menino e os seus companheiros terminavam mais um treino, o treinador disse: “Amanhã nós iremos fazer o nosso primeiro jogo”. “Que bom!”, pensou o menino. Ele gostava de fazer jogos. Ele poderia colocar em prática todas as técnicas e habilidades que tinha vindo a aprender. Foi para casa muito contente e nessa noite, antes de dormir, pensou no jogo e na forma como iria jogar. Estava preparado; sentia-se preparado. Mas no jogo o treinador disse: “Hoje só jogam estes sete jogadores! Ainda não é hora de todos jogarem”. O menino estava entre os que não jogaram, mas acatou a decisão do treinador e continuou a treinar com afinco para aprender novas técnicas e habilidades, ainda que por vezes treinasse a um canto, sozinho ou com um treinador-adjunto, segundo o treinador a fazer “treino específico”. Os jogos sucederam-se. E ele esperou, com persistência, até que fosse chamado a jogar. Esse momento, no entanto, tardava em chegar. O menino, mesmo assim, continuava a ir aos treinos e jogos e nunca deixou de aplaudir os sete companheiros que jogavam. Por vezes invadia-o uma grande tristeza e sentimento de injustiça, que procurava não deixar transparecer no seio da equipa mas que os seus pais em casa facilmente percebiam. Afinal porque é que ele não jogava, se se esforçava tanto ou mais que os outros meninos?
A época passou. O tempo passou. Hoje, passados anos, o menino já não pratica basquetebol. Não dá por perdido os anos que passou na modalidade, apesar de não ter tido as devidas oportunidades para mostrar o que valia. E uma dúvida sempre o invadiu: teria sido jogador se o seu treinador tivesse apostado nele e o tivesse deixado fazer aquilo que é elementar a quem aprende seja o que for, ou seja colocar em prática? Apesar de continuar a pensar neste assunto o menino não tem a resposta. O treinador terá?"
Sinceramente que simpatizei com a forma como o anónimo anterior aproveitou o texto do Miguel Cunha para levantar, diga-se, com elevação, um problema que no momento se vive não só no basquete PT mas em toda a sua generalidade.
A pergunta e consequente resposta a haver, e certamente que existirão, ficarão no ar, únicamente porque se continua a levantar as questões no anonimato. Creio que tal opção não será por receio, muito menos por timidez pessoal ou vergonha de quem quer que seja, mas que limita a discussão, isso limita,primeiro porque é uma via que não esclarece os objectivos, depois porque não sendo nunca direcionada a ninguém em concreto , óbviamente não poderá por ninguém objectivamente ser respondida muito menos esclarecida.
Façamos todos um esforço para nos identificarmos proporcionando uma reflexão aberta e franca sempre que necessária sobre a modalidade de que todos tanto dizemos gostar, bem como da casa que com poucas ou muitas interrogações que nos aninem e nos assistam por direito,deve superiormente continuar a merecer dedicação e empenhamento na continuidade e construção do seu futuro.
Eu acredito na Relação Humana, de olhos nos olhos, cara na cara,e sei de todos sermos capazes.
Moura Távora
Então mas o Gustavo e o Diogo Duarte não tê opinião sobre este texto do menino que joga basquetebol? Desfizeram-se em elogios ao texto do Miguel e em relação a este, que trata de uma questão bem real, já não opinam?
Tão pequeninos e já tão hipócritas... Bem, é PT...
Enviar um comentário