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sexta-feira, janeiro 26, 2007

Estratégias

Estratégias para o basquetebol:

Nos dias que correm existe uma tendência para alguns jovens treinadores, muitas vezes licenciados em educação física, defenderem a aprendizagem do jogo jogando em sistema “livre”, sem qualquer esquema táctico pré-definido. De certa forma faz corrente essa escola, e é um bocado uma moda.
Sublinho que nada me move contra os referidos licenciados , com quem me dou regra geral muito bem, e que vieram enriquecer sobremaneira a prática do jogo.
Sou treinador há pouco tempo, e estou ( e espero estar sempre) em processo de aprendizagem. Julgo também importante debaterem-se este tipo de assuntos, pois é o basquetebol que sai a ganhar.
Em formação, especialmente a partir do escalão de cadetes, onde o papel das defesas ganha uma força superior, como seja com certas defesas à zona, atacar sem qualquer sistema táctico parece-me totalmente desadequado.
Onde a competição é mais forte e árdua, como por exemplo em selecções distritais, um sistema táctico adequado é uma ferramenta de uma importância extrema para optimizar os recursos técnicos dos jogadores. Tenho visto jogos onde equipas com jogadores mais fortes “enpancam” em defesas zonas +-estáticas por inoperância de soluções tácticas. Muitas vezes os atacantes pouco se movimentam, lançam de fora partindo de “parados”, fazem 1x2 ou 1x3, perdem a bola e sofrem contrataque.
Será difícil de idealizar um modelo perfeito, e têm-se sempre de criar equilíbrios, mas mesmo em formação é importante darmos ferramentas tácticas para os jogadores atacarem certos sistemas defensivos.
Vejo a ausência de sistema próprio apenas para certas equipas de jogadores seniores. É como colocar um músico a tocar jazz, conseguirá fazê-lo com qualidade se dominar os fundamentos duma forma muito forte, doutra forma não sairá grande coisa. No basquetebol é a mesma coisa, o sistema “livre” será muitas vezes limitador de criatividade, e a existência de sistema pré-definido poderá ser estimulo, linha mestra, para a existência de movimentos e acções de grande riqueza e criatividade.
Acredito que os jogadores que melhor jogam “livre” são os que dominam mil e um sistemas tácticos: 1-4, 1-2-2, 1-3-1, etc, pois conseguem improvisar sub sistemas muito rapidamente para acções de 1x1, 2x2, e 3x3.
Acredito também que as equipas serão tanto mais fortes quanto cada jogador, qual actor duma peça de teatro, souber exactamente o seu papel e o seu espaço de intervenção.
O sistema táctico será a coreografia da peça, que em lugar de ser limitadora, será potencializadora da capacidades dos intervenientes, obrigando-os a agir em sincronia e harmonia, a conhecerem-se cada vez melhor, e a conseguirem dar o salto para a invenção e descoberta de novos patamares de jogo, muito mais difíceis de serem defendidos.

Miguel Cunha

2 comentários:

Anónimo disse...

Aquilo que eu noto, e não querendo contrariar de forma alguma o que foi dito neste post, é que a maior parte dos atletas que estão habituados a jogar segundo um determinado sistema, são muito débeis em termos de leitura do jogo e mesmo de ocupação dos espaços certos/livres.
A questão essencial, na minha opinião, não é a utilização ou não de um sistema. A questão fundamental são os estímulos dados pelos treinadores, quer adoptem um sistema, quer joguem um basket "semi-orientado", quer joguem um basket de sistema "livre". É que o objectivo (de um ponto de vista ofensivo) do jogo é marcar mais pontos que a equipa adversária. Como tal, não compreendo como pode haver atletas que sem olhar sequer para o cesto já estão a fazer um passe para o lado ou para trás. Na minha opinião, o basket é um jogo de criação de vantagens por tempo limitado: se há um atacante que está a ser defendido por 2 defensores, então algum atacante estará sozinho e com uma vantagem momentânea sobre os outros defensores; esse atacante deverá estar pronto a aproveitar essa vantagem; o jogador que eventualmente "atacou o cesto" e criou essa situação (atraindo uma ajuda) deverá estar pronto para libertar a bola na altura certa.

Resumindo, independentemente do sistema ofensivo, na minha opinião, o que é (mais) importante são os estímulos dados a todos os jogadores, num desporto rápido de criação (ou não) de vantagens momentâneas.

Anónimo disse...

No basquetebol de formação tem por base formar jogadores, como tal é importante que estes aprendam as regras do jogo e a interpertar o próprio jogo em todas as suas fases e isso só é possível quando eles conseguem como atacantes ler o defensor e como defensor ler o atacante( Leitura quase nula nos jovens jogadores). Não tendo uma base defensiva e ofensiva organizada (cria os erros)nunca poderam fazer essa leitura, depois só têm de aplicar os fundamentos (não existentes, aspecto pouco trabalhado em formação) . Relembro que num jogo 75% deste é feito na transição onde se criam os desequilibrios, mas nos outros 25% é importante a organização para criar os desequilibros.
Obrigado ao Miguel e ao MS pelas sugestões.
Viva o Basquetebol!!!